Segure firme







Capítulo 12

Junho de 2014
    Estou cada vez mais certa de que gosto - e talvez já ame - Adam e por isso termino o meu namoro, após cinco meses e meio. Isso é completamente louco para mim, que nunca sentiu qualquer coisa por ele. De repente, Adam passou a ser a pessoa mais importante nos lugares em que ele ocupa. Não paramos de nos falar e de participar da vida do outro.

Esses dias ele desejava fazer uma tatuagem e eu agora procurava bons estúdios para ajudá-lo, só para ficarmos juntos. Eu procurava lugares para comprar material de pintura e ele não cansou até acharmos tudo. Estamos procurando motivos para ficarmos ainda mais próximos. Hoje ficamos de dar uma volta depois do trabalho. Quero dizer para ele que acho que é hora de assumirmos que estamos namorando. Temo que ele não aceite por tudo que já fiz com ele e pelas suas próprias expectativas.


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Saímos juntos do trabalho. Emma não para de falar sobre as coisas que ela gosta e de como foi o seu dia. Ela está mais bonita, ou eu estou estupidamente apaixonado. Reparo em todos os traços do seu rosto. Cada pedacinho dela me interessa. Ela diz que vamos caminhar na orla e depois iremos para a sua casa, porque há uma série “show de bola” que eu preciso conhecer “o quanto antes”. Caminhamos e sorrimos. Emma e eu somos um casal, meu Deus, eu nunca imaginei que esse dia chegaria. Sinto-me feliz como nunca me senti na vida.
Chegamos a sua casa e percebo a mentira. Emma não me chamou para ver a série. Na realidade, até chamou. Mas a real motivação foi a de que ela me chamou para jantarmos juntos. Emma joga uma toalha em cima de mim e sorri.
– Tome um banho.
Enquanto isso, ela esquenta os pratos. Sigo para banheiro. Ao sair, me deparo com um jantar com vários detalhezinhos carinhosos que Emma sempre gostou de dizer que adora pensá-los. Emma me avista sair e diz: - minha vez.
Enquanto Emma está no banho, sigo até o seu quarto. Percebo que no porta-retratos há fotos nossas. Noto também que os presentes que lhe dei, todos feitos por mim, estão na sua escrivaninha. Dou um sorriso bobo e de orgulho. Distraio-me observando a rua que pulsa da janela do seu quarto. Emma me beija nas costas e diz que está na hora de comermos.
– Vai, escolhe aí umas músicas pra gente. – diz ao balançar os cabelos e terminar de enxugar-se com a toalha.
    Coloco as músicas que escutava enquanto pensava nela e de que estar aqui, como um casal, seria apenas por um milagre. Em meio a beijos e experimentos, Emma sussurra no meu ouvido:
– Eu quero que a gente fique juntos.
– Mas já estamos, amor – digo-lhe.
– Adam, eu quero que a gente namore sério. Eu quero ficar apenas com você.
Realmente não sei o que aconteceu comigo, mas eu respondo ao pedido da Emma com vários beijos seguidos. Fico em êxtase. Só me lembro de que acordo deitado ao seu lado e já é dia. Acho que finalmente tenho uma namorada. Mas mais do que isso: namoro a mulher que mais amei na minha vida e isso é verdadeiramente excitante.
Janeiro de 2016
Dois anos se passaram desde que começamos a namorar sério. Eu estou com 28 anos e Emma com 26, resolvemos casar e viver juntos como um casal. Durante esse tempo aprendi infinitas coisas com Emma. Discutimos algumas vezes, fizemos as pazes noutras. Na realidade, aprendi mais sobre viver um relacionamento.
Para dar certo, não tem de existir posse e o outro tem de estar disposto a ver beleza no outro, como aconteceu com Emma. No começo achei que ela tinha de ser minha a todo custo. Era encoberto de ciúmes e de dor por amá-la em silêncio. Ela, por outro lado, não sentia absolutamente nada e ainda se envolvia com outros rapazes sem saber de como àquilo me machucava.
O tempo nos ajudou, o acaso também. Jamais imaginaria um final feliz com ela, mesmo sabendo que nunca iria amar outra pessoa na vida como eu a amei. Aprendi que para funcionar, também é preciso ter equilíbrio, amor próprio, respeito. Eu só conquistei Emma quando eu passei a ser eu mesmo, quando parei de agradá-la ou chamar a sua atenção a todo custo. Não sei como isso tudo chegou nela, mas eu imagino que foi de uma forma menos automática e instantânea de como eu desejava no começo.
Por fim, acho que essa é a minha última carta. Não sinto mais necessidade de escrever sobre nós e para você, porque agora vivemos uma vida juntos. Nossos filhos virão e nossa família irá crescer mais, como os nossos sentimentos. Mas enquanto eles não chegam, continuaremos pedalando pelas ruas do centro em busca de novas experiências e revivendo os nossos momentos de amor e carinho.
– Se segura Emma, porque agora vamos descer uma ladeira grande. – digo-lhe.
– “Pode soltar as mãos, você está seguro comigo” – diz a mulher que mais amei na minha vida, com um sorriso largo no rosto e cabelos modelados pelo vento.
*Este texto é o último texto do seriado Adam e Emma: uma história de (des)encontros.

 

Acompanhe a história:
Capítulo 1: Emma Thompus
Capítulo 7: O luto severo
Capítulo 8: Stalker
Capítulo 9: Despedidas
Capítulo 10: Casualidades
Capítulo 11: Cada segundo é inesperado
Capítulo 12: Segure firme


  

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