Hoje

| foto: pixabay
– Qual a sua maior necessidade hoje?
 – Viver. – Mas você está vivo, com saúde, com energia, ou pelo menos aparenta...
 – Você já se sentiu como em uma gaiola? Rolando e rolando, de um lado para o outro em um daqueles globos de hamster, esperando a própria vida começar? É disso que tenho falado. Eu estou precisando viver. Viver a minha própria vida, encontrar um pouco de paz.
 – Qual valor você realmente dá a paz?
 – O que dou hoje, não sei. Mas posso sentir que não tenho dado nos últimos tempos. Estou enterrado, afastado de qualquer noção de paz e, de certa forma, me permitir não ter paz me traz uma angústia e dor que hoje me faz crer que ter paz é o maior de todos os valores, a maior de todas as prioridades. Paz é ser feliz. É se enxergar com respeito, amor e admiração. Quanto tempo tem que eu não me respeito, que não me amo ou me admiro? Há tanta areia sendo jogada na minha cara, que pareço enclausurado em só uma versão da própria vida. Eu preciso viver! Tantas pessoas fazem questão de jogar areia na minha cara e eu me desrespeito, deixo de me amar toda vez que assisto isso de forma omissa.
 – Pois então viva. Viva agora, o hoje, o amanhã, o tudo. Tudo que você tem direito. Quanto mais você adiar de viver a própria vida, mais terá de conviver com o fantasma da vida que deixou de viver. A nossa estadia nesses corpos é breve, frágil e nada pode ser maior do que a nossa paz e felicidade. Buscar a felicidade é quase um ato egoísta, mas ele é puramente necessário. Porque se não se é feliz, dificilmente se muda o mundo, se conecta e divide com o outro experiências capazes de mover, transformar, conectar.

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