Cicatrizes

| foto: pixabay

Não existe nada mais pessoal em um corpo do que a cicatriz. Ela é a marca de um tempo, um registro e prova viva da história de quem a possui. Vivemos a esconder as cicatrizes, principalmente àquelas que mostram o nosso lado vulnerável para o outro. A maior das cicatrizes que escondemos é a da alma. Àquela que mostra para o outro a dor e a complexidade de ser como é.

Existe beleza e feiura em uma cicatriz da alma? Lidamos com essa dualidade até a aceitação completa, ao entender que ela está ali por um motivo e pode não significar um problema futuro. Mas e quando as nossas cicatrizes são expostas ao abrimos a porta para alguém vasculhar o nosso corpo e essência?

Beleza e feiura se misturam e podem assustar quem está para entrar. Beleza e feiura podem ser o gatilho para esse ser estranho atingir e machucar ao nos deixar. Todas as cicatrizes nos expõem para o outro sem censura. Há quem goste de se sentir exposto? Quem suportará ter a ferida visível para a ação e interpretação do outro?

Há plásticas que escondem as cicatrizes do corpo. As da alma são escondidas por um sorriso (falso ou não) toda vez que se apresenta a alguém e se tenta esconder o próprio eu, a história e sentimentos. Não por ser um ator e falsear a própria vida, mas por defesa do que os outros podem dizer ou fazer diante das marcas acumuladas na alma, enquanto tentou viver com sentimentos como o amor.


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