Piscina de pedrinhas
Estávamos ali, frente a frente. Eu nu em minha sinceridade e sentimentos e você sem entender o que se passava. No fundo, nem eu entendia, mas parte de mim fazia crer que o que quer que existisse de bom entre nós deveria se fortalecer. E tentava todas as vezes fazer acontecer. Meu erro foi ter acreditado nesta tese, porque nesse movimento de fazer existir, provoquei uma relação frustrante.
Conversávamos. Jogávamos pedrinhas de um lado para o outro. Minha vontade era a de arrancar tudo que estava em mim e de colocar para fora as lágrimas represadas, mas me controlei. Me contive para parecer que tudo estava sob controle e que, de fato, não havia mais nada a perder ou viver, senão ser sincero.
No entanto, a minha sinceridade me custou caro porque foi por meio dela que agiu e me atingiu diretamente no meu ponto fraco. Naquele ponto em que tudo era capaz de se regenerar e recomeçar. Na ação ele foi comprometido e não havia mais nada a ser feito, senão descer fundo, viver o luto em destruir o sonho, desejo... o amor.
Aquele tiro certeiro, frio e cinza atingiu o alvo. Matou a sangue frio, ainda que existisse em mim o sorriso no rosto e os olhos preenchidos de esperança. Internado, sem nem imaginar que poderia existir nos dias seguintes, reagi. Sobrevivi. Porque do fundo, do intenso sentimento de aceitar o fim, encontrei o recomeço.
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