Salão das máscaras

| foto: pixabay

Os passos largos e o estralo do contato deles com o chão são tudo que se têm no salão das máscaras. É sádico e largo, o sorriso daquele que aprisiona pelo imaterial e por sentimentos que não consegue ter por alguém. A neutralidade e a simpatia de óculos escuros não escondem a real aparência e falta da essência que mantém os vínculos ativos. Permanece sádico o sorriso largo de quem está no meio do salão das máscaras.

No meio do salão tudo é asséptico. Os ditos fortes parecem e fazem questão de acreditar que estão felizes. Em meio ao espetáculo da vida, usam máscaras para conhecer os outros e para se conhecer. Dizem não se apaixonar ou se aproximar.

"Paixão é coisa de tolo." – disse um dos sádicos.
"Podemos resolver tudo de um jeito racional e maduro. Não perca seu tempo com outros sentimentos, senão os seus. Estamos aqui para aproveitar." – completou outro.

Os sádicos sorriram entre si sem mover os lábios. Permaneciam de máscaras, mesmo quando estavam sem.

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No salão de máscaras, parecem ingênuos os que a todos querem amar e aproveitar o que a vida pode oferecer mas que não conseguem lidar com suas sensações mais internas e intensas. Sequer vislumbram conhecer as suas necessidades reais. Não conseguem distinguir o que é necessidade e sentimento. Misturam carne e frustrações do espírito e não se dão conta dos reais impactos. Como desconhecem as suas próprias limitações, esperam soluções dos outros e preferem não se dar conta do quê as suas ações provocam.

No salão das máscaras a dependência e vínculo não são pelo imaterial ou pelos sentimentos, mas pela filosofia da posse. Como parecem dependentes da companhia do outro, mesmo que o outro seja objeto, um meio para fins. Quem se importa com o outro lado, se há máscaras que escondem as consequências por um tempo? Talvez por tudo se originar no efêmero, as máscaras funcionem tanto.

"Quem se importa? Posso amar qualquer um, mas prefiro não ter que me apaixonar, porque amor é coisa de tolo. Prefiro aproveitar as pessoas e a vida".  – resmunga outro sádico de sorriso largo, mas de máscara rachada. 

Do lado de fora do salão das máscaras, como parecem vivas as faces dos que se apaixonam e aprisionam quem só queria amar. Injusto. O riso dos que permanecem de máscaras é sádico e eles acreditam controlar, interpretar e experimentar qualquer tipo amor. Estão certos ou mal conseguem viver sem as máscaras?







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