Cartas perdidas
Na espera pela vibração das ondas dos ecos
Para que o meu telefone tocasse
E o meu mundo corasse
Esperei pelo eco que pudesse salvar
Pela vibração que fizesse balançar
Mas o silêncio sempre esteve presente
E nada tremeu ou causou àquele frio que a gente sente
O desejo agora é de que nunca sejam encontradas
Que tenham se perdido no meio radioativo
Porque o conteúdo delas era destrutivo
As cartas que tinham o seu nome
Endereço, e-mail e telefone
Abrigavam um tipo de amor radioativo
Que inflamava a pele e deformava o ideal afetivo
Que o universo tenha perdido as cartas destinadas
Que as ondas nunca provoquem o meu telefone
Mesmo que a certeza estivesse carimbada
Em selos de razão e esperança aos montes
Ainda que os papéis estejam rugosos
De lágrimas apaixonadas, enquanto as selava
Ainda que o exagero faça parte do cosmos
O desejo é de que se tornem cartas rasgadas
Rasgadas, perdidas, destruídas
O conteúdo hoje seria ainda mais destrutivo
O conselho no bar com os amigos
É de que deseje poucos ecos ao universo distraído ∞
#Footnote:
Esta foi a postagem de número 300.
Quantos caracteres até aqui. Histórias, confissões, particularidades. Espero que desse outro lado possam ter crescido junto comigo.
Obrigado pela companhia, vocês são parte deste bolo grande em forma de 300!
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