Tardes alaranjadas de sol










Costumava passar as tardes ensolaradas debaixo de uma árvore que tinha aqui perto. A tranquilidade do lugar me permitia ficar horas e horas pensando na vida, apenas olhando o movimento das nuvens no céu. Os desenhos e as sombras dos galhos alimentavam minha imaginação. Conseguia perceber as formas do dia e absorvia a atmosfera. Era como se estivesse indo para outros mundos, me encontrando com as pessoas e experiências singulares.
A paz do lugar, o tom de alaranjado de melancolia, o som oriundo dos meus discos, me deixava em transe e pensativo. As tardes alaranjadas eram mais do que perfeitas, eram únicas. Acho que o céu servia como espelho. Nele via o reflexo dos meus olhos e dentro deles, via os meus sonhos, desejos, alegrias, tristezas e frustrações, todos em movimento e caminhando para algum lugar.

Um movimento do vento já era o suficiente para as nuvens se moverem. Assim como os meus pensamentos, constantemente transformados. Entre o sol e as nuvens, pensava em absolutamente tudo. Mas nada era tão inigualável do que se lembrar de uma cena agradável o suficiente, para me deixar por alguns segundos noutro mundo com cara de bobo. Pensei tanto na vida, que me esqueci de vivê-la por alguns momentos. Pensei tanto em você, que me esqueci de te ter perto, por alguns segundos.
De repente lembrei-me daquele dia que conversei contigo. A tímida voz que saia, era a tímida voz de quem estava se envolvendo. Uns, dois, três. Bastaram alguns segundos para me sentir confortável por te ter ao meu lado. Ao mesmo tempo, atônito pela timidez. Naquelas tardes ensolaradas e tão quentes, me esquecia do mundo e pensava em absolutamente tudo que me mantém nele.







Comentários

Ricardo disse…
Me lembrei da epoca da casa de minha avó.
Interessante esse texto, gostei muito. Parabeins!
Vini, parabéns pelo blog garoto. Show de bola!!