E o futuro?






Qual será a minha reação? O que sentirei? São perguntas que quase sempre faço, quando percebo o movimento das coisas mudarem. Poderia esquecer um pouco isso, mas é utópico imaginar que pensar no futuro é algo possível de ser interrompido tão facilmente assim. É involuntário.
Quanta vez me distrai e me perdi em pensamentos longínquos, imaginando como será a vida daqui a alguns dias ou anos? Como estarei? Com quem quero estar? Às vezes sinto que estou pensando demais no futuro e me esquecendo de viver o presente. É como se o futuro assumisse uma força incontrolável e não pudesse fazer nada. Sei que as minhas ações de hoje são as sementes do meu amanhã, sei também que tudo é consequência e que nada é isolado. Mas e as lembranças do passado e os desejos do futuro?
Viver, viver, viver... Seria a maior de todas as bobagens a afirmação ‘viva sem pensar no amanhã’? Já adianto que  não consigo. Pelo menos não por muito tempo. Uma segurança é necessária para o passo que estou dando hoje fazer sentido ao de amanhã. Não há controle de nada, mas há chances maiores de realização. Imaginar um futuro é o caminho para reconhecê-lo e vivê-lo como o presente.
Incomodaria mais sentir que estou parado, deixando a vida escorregar pelos meus dedos. Deixando de lado tanto o futuro, quanto o presente. Sentir que tudo que quero é ilusório, e que o tempo gasto pensando no futuro fora um mero desperdício.

Imagino que viver uma vida previsível deva ser entediante. Uma única rotina, deveres e pessoas. Tudo regrado. Desgastante e maçante. Um dos grandes baratos da vida está em viver de maneira oposta a essa previsibilidade opressora e comum. Mas não confunda estabilidade com previsibilidade. São duas coisas distintas.
Desejamos muitas coisas, desejamos coisas distintas em momentos distintos. Acho que mais utópico do que a afirmação ‘viva sem pensar no amanhã’ seria dizer que os sonhos e desejos serão sempre os mesmos. Usamos a palavra sempre e para sempre, mas não temos ideia do que isso representa de fato. Usamos sem a menor responsabilidade, usamos quando convém, em atos de pura euforia para segurar o que se acredita e quer no momento. Por muitas vezes o 'para sempre' é na verdade um 'por algum tempo'. Se tudo muda, como posso imaginar e querer a eternidade, mesmo sabendo que ela pode existir? É inquietante, mas real. Nós nos surpreendemos muito em diferentes momentos da vida, mas tudo isso só acontece porque estamos vivendo.
Por isso as costumeiras perguntas: Qual seria a reação? O que sentirei? Muitas expectativas e uma só resposta: não sei, mas quero e preciso viver.



Comentários

Adriana Gericó disse…
Mais um texto fantastico como sempre.
Desde já,deixando minha marquinha por aqui.
Beijokas =*