Notas de tinta





Horas passam até o final da tarde,
Quando o sol tinge tudo de laranja
Escrevo os nossos nomes lado a lado,
Entre linhas da folha de caderno amassada

No papel as letras bem desenhadas,
Resultados da distração provocada pela imaginação
O desejo é de que fiquemos tão próximos
Quanto à tinta grudada no papel

Parecem infantis os desenhos ao lado das palavras
Mas eles são tudo que temos até então
Como as lembranças de quando agimos feito crianças
Movidos pela própria liberdade e vontades

As músicas de setembro parecem pertencer à outra estação,
Quando escuto as que me lembram de você
Tento reaquecer o seu abraço, no abraço,
E a quentura do seu corpo, com lembranças

As músicas de setembro estão distantes
Parecem banais e presas num tempo qualquer
Num tempo em que o futuro parecia certo
E de que tudo teria um final previsível

Procuro formas de manter você em mim
Bêbado dos próprios rabiscos, sentimentos e canções
Você é a lembrança em flashes
Frames que seguem resistentes ao desapego

Deixo escapar segredos
Porque sou refém dos próprios olhos
Desejo cada vez mais materialidade e continuidade
Aos frames que saltam da minha imaginação

Os rostos tingidos de laranja
Escondem a timidez
Mas não os sentimentos reavivados,
Com a presença ou com as músicas lembradas

Das bobagens espontâneas do final da tarde
Lembranças e imaginação em sonhos retirantes
Na noite tudo começa outra vez,
Mas há dias em que só durmo

E noutros sonho com você 

Comentários

Emi disse…
Que coisa mais... Linda?! Não, linda é pouco!
Lindo, sensível e terno, acho que é mais ou menos por aí, no mínimo!
Eu tô adorando a versatilidade dos seus textos, Vinny. De tudo um pouco, e quando sobre amor, de arrepiar.
Gostei muito. Sem dúvidas, entra para a lista dos meus preferidos.

Um beijo, amigo!
Ah, e sim, foi um acidente! Mas já que aconteceu, faço o que? Olha eu aqui de novo! hahah
Um beijo enorme!
Vinicius disse…
Awn Dona Emi, sempre tão carinhosa.

Fico muito feliz que tenha gostado deste texto e que ele tenha entrado nos seus favoritos. Engraçado que quando eu escrevi ele, foi num fluxo espontâneo. Sabe quando você escreve e só escreve? Não se perde em edições e revisões? Pois é, foi mais ou menos assim.

Sim, tenho tentado (nem sempre consigo) diversificar o conteúdo do blog. Ele está cada vez mais experimental. Gosto disso, porque me divirto experimentando formatos e ideias.

No mais, obrigado pelo comentário.

Beeijo enorme e de saudades!