Conspiração: Parte V - Final



     

AVISO: Este conto é um texto puramente fictício. Todos os personagens e situações envolvidas foram criadas. Qualquer semelhança é mera coincidência. 


V

Olhei para o chão buscando encontrar a calma, que obviamente não encontrei. Só me restou virar e procurar alguém pelos lados, mas não vi ninguém. Sai da sala e fui para casa novamente. Ou melhor, tentei voltar para casa. Horas no ponto e: chuva! Mais de duas horas esperando o ônibus e quando ele chega, lotado, claro.

– Como odeio ser pobre, na verdade, como odeio esses governantes que não são capazes de me entregar um transporte público de qualidade. Se tivéssemos algo digno, a minha opressão seria reduzida em pelo menos 80%! – repetia como um mantra.

Ao entrar, paguei a passagem e no meio da borboleta com o ônibus lotado o guarda-chuva enorme resolve abrir. Com a expressão de alguém meio de embaraçado, mas voltando a fazer cara de nada, fechei-o sem parecer que algo aconteceu comigo. Demonstrar que está embaraçado? Jamais!

Depois de tentativas tentando achar um lugar para sentar e se segurar – ia para um lugar, ficava um tempo, resolvia sair, esvaziava, perdia. E assim sucessivamente. Eis que comprovei duas de minhas teorias: a primeira da hipocrisia do lugar quente. Funciona assim: a criatura espera o outro sair, e em menos de 10 segundos senta. Não espera nem chegar ao outro ponto para o tal resfriamento. A pergunta é: o lugar é refrigerado automaticamente? Deve ter um sistema de ar, vai ver que é por isso que a tarifa é tão alta. Em tão pouco tempo sentam como se o lugar já estivesse frio sem ele nem estar.

A segunda teoria é a da aceitação. Funciona assim: a criatura compra um MP (algum mil, tem tantos) e precisa mostrar para todo mundo. Então coloca as músicas em som alto, sempre algo que ninguém além dele suporta. Mas vem a parte da aceitação, ele pensa: tenho bom gosto. Então coloca uma daquelas músicas universais de filmes como 'Uma linda mulher’, ‘Ghost’, ‘Ases Indomáveis’, ‘O guarda costas’ ou, é claro, a música do momento, evidentemente me refiro à música das novelas brasileiras. Se sentindo o máximo, fica ali ouvindo e cantarolando tudo errado. Deplorável.

Eis que chega o momento de eu me sentar. Não esperei os 10 segundos ridículos e também não sentei no lugar pelando. Até porque nem estava. Quando estava em pé ninguém teve a bondade de pedir minhas coisas para segurar, enquanto praticamente as jogava nelas, com a velocidade do ônibus montanha russa. Umas ainda faziam cara de deboche, outras fingiam dormir. O ser humano é incrível mesmo.

Como chovia, não bastou que todos os vidros estivessem fechados. Não bastou ter que aturar os perfumes se misturando com os vencidos. Tem também que sentir outro odor. Pois se alguém fala do pum do elevador é porque certamente não conhece o pum do ônibus lotado e fechado em dias de chuva. É uma sensação de outro mundo, quase gritei se a criatura responsável não precisaria de papel higiênico, porque junto com aquele fedor certamente algo saiu junto. Eis que pego nada menos que duas horas no trânsito e ao levantar me perguntei se ainda tinha bunda, porque já não a sentia depois de tanto tempo sentado naquela poltrona plástica junto com uma criatura que só fazia dormir e babar.

VI

Saí do ônibus e chovia muito. Segui e desci uma ladeira. Tinha um cachorro na rua. Sempre passei por ele numa boa. Mas os seus olhos estavam brilhando, como os de gato durante a noite. Sem saber e achando interessante, fiquei observando. Assim que dou as costas, ele gruda na minha calça mostrando os dentes e GRRR vou te morder. O que me resta fazer? Esperar ele se arrepender e largar do meu pé. E assim ele fez, saí tentando disfarçar o medo e finalmente ao por os pés em casa olhei para lata do lixo e me senti com ele. Que dia!

Me senti como um lixo. Olhei para o telefone e lembrei que foi ali que tudo formalmente começou. Quebrei em pedacinhos! – Mentira, se tivesse feito teriam notícias da terceira guerra mundial aqui em casa. Mas fato é que de agora em diante, nunca mais atendo nada pela manhã. NUNCA! E como dizem que depois de um dia difícil acontece algo bom, me iludi acreditando. Após tomar banho fiquei na esperança de algo bom acontecer. Como por exemplo, alguém que estou interessado ligar, ou alguém me dar alguma coisa.

Nada aconteceu e quando fui usar o computador, adivinhem? Ele funcionava normal, inclusive minha tia avisou que ele ligou normalmente quando ela foi usar ao chegar. Isso porque titia apareceu meia hora depois que saí.

O que foi isso então? Conspiração do universo, seleção natural para irritação. Tenho certeza! Algo conspirou contra mim. Me sentindo O CARA (mais azarado, claro) só me restou dormir, e desejar um dia melhor. Será que ele vem?


FIM

Comentários

Luana disse…
Me identifiquei muuito com esse rapaz aii.... infelizmente!
susahasuashasusahasuashsau

Muito boom, Vinni!
Carol-ol-ol disse…
Sinto que toda essa história é baseada em fatos veridicos, não? xD
E apesar dessa última parte me fazer rir com suas colocações ironicas e engraçadas, lá no fundo há muita tristeza no conteúdo disso tudo. (porque diacho estou falando difícil hoje? ueheuheush)

Faz tempo que uma onda de azar não paira sobre mim... Mas ela sempre está por perto. Sei disso.


Beijos Pim! Saudades

Ufa, consegui ler isso. Eu estava para ler sempre que sentava frente o pc, mas sabe... Quando você empaca frente alguma coisa (pra não dizer pessoa rs) e aí nem sequer o seu próprio orkut vc lê. To assim... meu e-mail que o diga.
Mas hoje tirei o momento exclusivamente para ler vc *-* (apesar de demorar horas porque estou no trabalho e as pessoas me encomodam a cada minuto -.-)

Um dia serei rica... é uma promessa....

aushaus

Agora sim, beijos.